Era uma tarde despretensiosa de um sábado chuvoso, calmo, na beira da praia onde mal se enxergava o mar, tamanho era o nevoeiro.
Tempinho gostoso pra ficar de preguiça debaixo das cobertas. Paz.
Ligo a TV e escolho qual filme assistir... falta pouco para dezembro, e os lançamentos de filmes natalinos estão a todo vapor. Eu gosto, sabe!
Já vou entrando no clima. São filmes leves, mágicos. Maaaas… logo hoje fiquei na dúvida entre esse estilo e um documentário chamado “As Crianças Perdidas”.
Pensei: vou para a magia ou para o mundo real?
Escolhi a vida.
O documentário era sobre um avião com sete tripulantes que caiu na densa floresta amazônica, na área colombiana. Dos sete, havia quatro irmãos: uma menina de 13 anos, outra de 11, um garotinho de 4 e um bebê de 11 meses, os únicos sobreviventes. A mãe, Magdalena, estava com eles, mas não resistiu e faleceu junto com os outros.
Começa a busca pelos sobreviventes… e foi aí que a jornada dentro de mim começou.
A mobilização do exército, dos indígenas, as diferenças entre eles em meio a tanta dor, sangue, separação… Um mundo à parte, uma outra realidade.Enquanto eu assistia e via a relação deles com a Natureza, parecia que eu havia me transportado para o meio daquela selva com eles.
Os sons, as imagens, os animais... Tudo me captava.
Vendo os depoimentos dos indígenas e dos envolvidos, só vinha à minha mente como vivemos realidades tão diferentes, ao mesmo tempo em que somos tão iguais na essência.De repente, me dei conta de que eu estava deitada confortavelmente, e aquele pedaço de tela estava me mostrando mundos paralelos — detalhe: eu mesma escolhi. Louco isso! Por um segundo, achei que aquela TV parecia uma bola de cristal.
Achei aquilo tão forte e mágico… Eu estava tão absorvida que só pensava em como conseguiria expressar, com palavras, aquilo que eu estava sentindo.
E aí me veio a grandeza da escrita: como, juntando algumas letrinhas, nascem palavras que dão sentido, que organizam as expressões e emoções, transbordando o que vem de dentro.
As crianças foram resgatadas. A alegria tomou conta, e a vida seguiu — para muitos dos buscadores, com outro olhar sobre o viver.
Emocionei.
O ser humano, quando é tocado no coração, quando em comunhão, é de uma grandeza admirável.
No final das contas, tudo é o AMOR. A busca por amar e ser amado.
Que possamos nos lembrar mais vezes de que tudo começa dentro. A cura está em nós.
E eu, que escolhi um filme real, vivi a própria magia!
Com amor poético,
Ana Castilhos
Ficha Técnica: As Crianças Perdidas
Título Original: Los Niños Perdidos
Direção: Jorge Durán, Lali Houghton e Orlando von Einsiedel
Produção: Gloria Luz Arenas, Mark Bauch e Marta Shaw
Ano de Lançamento: 2024
Duração: 95 minutos
Sinopse: Após a queda de um avião na densa selva amazônica colombiana, quatro crianças indígenas — uma menina de 13 anos, outra de 11, um menino de 4 e um bebê de 11 meses — lutam para sobreviver utilizando sua sabedoria ancestral. Enquanto isso, uma missão de resgate sem precedentes é organizada, envolvendo o exército colombiano, socorristas voluntários indígenas e a família das crianças, que nunca perde a esperança. O documentário narra essa incrível jornada de resiliência e coragem
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